Espaço criado para publicação de trabalhos, textos, atividades relatos e troca de experiências acerca da Educação Física.
sábado, 30 de abril de 2011
"Pro" Espaço
Primeiro fiquei doente, depois veio a semana de provas, depois os jogos internos, depois a semana de reavaliação, ensaio das quadrilhas, feriadão etc, etc, etc... e agora iniciaram as chuvas.
Meu planejamento já foi "pro" espaço há muito tempo.
Agora é fazer o que me for possível para terminar este semestre e começar a planejar o semestre que vem. O importante é não desistir de lutar e acreditar que é possível construir uma Educação Física cada vez melhor.
sábado, 2 de abril de 2011
A Educação Física não pode ficar de escanteio
Por: Elisa Meirelles (elisa.meirelles@abril.com.br). Colaborou Camila Monroe
Professores especialistas precisam estar integrados aos encontros de formação continuada da escola
Professor de Educação Física não precisa participar dos encontros de formação coletivos. Muito menos das oficinas de leitura ou outros eventos pedagógicos, já que os assuntos ali discutidos não estão relacionados com os conteúdos trabalhados nas quadras. Correto? De jeito nenhum. Pensamentos como esses apenas revelam desconhecimento sobre os propósitos da disciplina, que, além da prática de esportes prevê o ensino das mais diversas manifestações corporais e, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, deve ser parte integrante da proposta pedagógica da escola.
Antigamente, a Educação Física era considerada por muitos como apenas um momento de recreação. Essa ideia, felizmente, perdeu força. Hoje, sabe-se que, assim como as outras disciplinas, ela deve colaborar com o desenvolvimento global do aluno. "A função da Educação Física não é treinar atletas, mas fazer com que crianças e jovens reflitam sobre as expressões culturais que envolvem o movimento e as entendam", explica Marcos Neira, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
Incluir, portanto, os professores de Educação Física nos grupos de estudos da equipe docente, assim como realizar um planejamento anual do conteúdo, adaptando o currículo à realidade local e fazendo isso constar no projeto político-pedagógico (PPP), são medidas que a equipe gestora deve tomar (leia mais sobre o papel do coordenador no quadro abaixo). Mas não é só. É preciso pôr em prática o que foi planejado. Não adianta, por exemplo, colocar no PPP que um dos objetivos da escola é formar um cidadão colaborativo se as aulas de Educação Física só incitam a competição. Muito menos querer ter uma equipe integrada se o professor dessa matéria não é convidado para as discussões como a da Feira de Ciências.
"O coordenador pedagógico deve garantir o cumprimento do PPP e, para isso, precisa ajudar na elaboração do currículo geral e dos planos de aula de cada um dos docentes", diz a pesquisadora Maria Emília de Lima, da Universidade de São Paulo (USP), na tese A Educação Física no Projeto Político-Pedagógico: Espaço de Participação e Reconhecimento da Cultura Corporal dos Alunos.
- Papel do coordenador
Como integrar a Educação Física ao projeto político-pedagógico da escola:
- Conhecer os objetivos da disciplina.
- Garantir o seu alinhamento com as metas de aprendizagem.
- Ajudar o professor a planejar aulas.
- Incluir os professores de Educação Física nos horários de formação coletiva.
- Investir na formação continuada dos docentes.
- Fazer a ponte entre o professor e o diretor para garantir condições adequadas ao ensino: materiais, infraestrutura, organização dos horários etc.
Inclusão no planejamento para alinhar as propostas
O olhar atento sobre o planejamento tem dado bons resultados na EMEF Professor Mario Marques de Oliveira, na capital paulista, onde lecionava a professora de Educação Física Joice Mayumi Nozaki, uma das vencedoras do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 deste ano. Ela conta que grande parte da qualidade do trabalho premiado deve-se ao apoio que recebeu da coordenadora pedagógica, Carmen Aparecida Siena Carbonari: "Ela sempre se preocupou em saber quais atividades eu havia previsto e me ajudava a analisá-las, observando se estavam em sintonia com os objetivos de aprendizagem daquelas turmas e me fazendo ver todos os aspectos que ainda podiam ser melhorados".
Essa interlocução é fundamental para garantir que todas as disciplinas caminhem no mesmo sentido. Só assim o coordenador pode ajudar o docente a refletir sobre a prática e a rever o planejamento quando preciso. Marcos Neira faz uma sugestão aos coordenadores pedagógicos: "Pergunte ao professor o que as crianças vão aprender com cada atividade".
Na Mario Marques de Oliveira, os docentes de Educação Física participam das reuniões pedagógicas coletivas, nas quais são debatidos também os projetos institucionais que envolvem toda a escola. Um deles, desenvolvido no ano passado, tinha como proposta discutir valores e atitudes. Joice, então, desenvolveu um trabalho sobre lutas com as turmas de 5ª e 7ª séries: "A ideia era fazer com que os jovens entendessem o significado de manifestações corporais, como o judô, o caratê, a esgrima e a capoeira, e percebessem as diferenças em relação às brigas de rua. E, principalmente, que refletissem sobre o próprio comportamento dentro e fora da escola".
Além de seguir de perto o trabalho docente, Carmen também investe na valorização da disciplina junto à comunidade escolar. Ela costuma ir de sala em sala conversar com as turmas sobre os benefícios da Educação Física. Nas reuniões de pais, não deixa de conversar sobre isso: "Explico que essa área é fundamental para a formação global do aluno, pois trabalha de maneira mais intensa a questão do corpo, da convivência e das relações humanas. Por isso, não pode ser vista apenas como um momento de lazer".
Foi com essa determinação que a coordenadora acabou com alguns hábitos que já estavam arraigados na escola, como as faltas constantes nessas aulas. Alguns usavam esse tempo para estudar outras matérias em época de provas. Outros não compareciam para cumprir um castigo dado por outro professor. "Aqui, a Educação Física é um direito", defende a coordenadora pedagógica (leia os equívocos mais comuns em relação à disciplina no quadro abaixo).
- Os erros mais comuns
Alguns equívocos podem comprometer o ensino dos conteúdos de Educação Física. Evite atitudes como:
- Excluir os professores dos encontros de formação e outras atividades pedagógicas coletivas.
- Achar que os temas gerais da formação continuada não interessam ao professor especialista.
- Deixar que os alunos faltem à aula para estudar.
- Marcar outras atividades, como passeios e festas, de modo que a turma perca aulas.
- Fazer com que o professor fique alheio às discussões e decisões sobre o aprendizado dos alunos.
- Colocar a Educação Física como disciplina opcional ou com aulas no contraturno, favorecendo as faltas
Investimento na formação continuada dos professores
Quando o assunto são os encontros de formação, é comum ouvir coordenadores e até professores de Educação Física dizerem que os temas discutidos não ajudam a ensinar a disciplina. Cabe ao coordenador pedagógico conscientizar os docentes da importância de participar desses momentos, já que também são responsáveis pelo aprendizado dos alunos.
Na EM Anísio Teixeira, em Aracaju, as coordenadoras Maria Bernadete da Conceição e Maria da Conceição Almeida Santos se revezam na organização dos encontros. "Fazemos questão da presença de todos. O objetivo é fazer com que toda a equipe esteja afinada nas metas, conheça o trabalho que está sendo desenvolvido pelos colegas e tenha uma noção geral de como está a evolução de cada estudante. Além do mais, é importante ouvir a opinião de todos na avaliação dos resultados e nas reuniões dos conselhos de classe", explica Bernadete.
A participação no horário coletivo pedagógico na escola é apenas uma parte da capacitação dos especialistas. Uma vez por mês, eles se encontram com seus colegas da rede municipal para tratar apenas de temas específicos da área. Os professores discutem, por exemplo, como trabalhar os três eixos da disciplina - conhecimentos sobre o corpo; esportes, jogos, lutas e ginásticas; e atividades rítmicas e expressivas (leia sobre os objetivos da Educação Física no quadro abaixo). "Eles comentam as dificuldades enfrentadas nas aulas, trocam experiência com os colegas e se atualizam nas didáticas específicas", diz Bernadete. Em geral, essas formações são dadas por profissionais da Secretaria e especialistas convidados. As coordenadoras pedagógicas recebem relatórios e fazem o acompanhamento de como os conteúdos trabalhados nos encontros são aplicados na escola. Para tanto, a equipe gestora incentiva os professores a compartilhar com os colegas os novos conhecimentos.
Um dos papéis dos gestores é fazer com que a escola tenha as condições necessárias para que as aulas aconteçam e providenciar o material e os equipamentos adequados. Caso a escola não tenha uma infraestrutura satisfatória, a direção pode buscar parcerias com os espaços públicos disponíveis na vizinhança. Em Flexeiras, a 61 quilômetros de Maceió, as 18 escolas da rede municipal usam o ginásio de esportes público. "Assim garantimos que todos os alunos tenham aula", conta a secretária municipal de Educação, Maria Isabel Costa Souza.
- Objetivos da disciplina
Assim como ocorre com Língua Portuguesa, Matemática ou qualquer outra disciplina do currículo, a Educação Física também tem metas próprias. Conheça algumas, de acordo com as Orientacões Curriculares da Prefeitura Municipal de São Paulo:
- Vivenciar e interpretar as diversas manifestações corporais.
- Entender as práticas da cultura do corpo.
- Reconhecer e legitimar as características e qualidades dos diversos grupos sociais expressas pelas manifestações da cultura corporal.
- Ampliar e aprimorar as estratégias de comunicação gestual.
- Potencializar a capacidade de leitura crítica das construções estereotipadas das práticas corporais.
- Incentivar a manifestação de opiniões e ideias divergentes sobre os conhecimentos alusivos às práticas corporais.
- Construir conhecimentos sobre a cultura corporal de forma colaborativa com base na discussão das informações obtidas.
- Compreender a cultura corporal enquanto manifestação histórica, social e política de determinado grupo.
- Criar e adaptar a forma e o conteúdo das manifestações da cultura corporal, recorrendo ao pré-requisito de participação equitativa de todos os componentes do grupo classe e/ou escola.
- Compreender a necessidade e a importância dos acordos coletivos para a concretização das práticas corporais, bem como o atendimento ao acervo de conhecimentos historicamente acumulados.
FONTE: Revista Nova Escola