sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A importância do brincar e do Jogar para o desenvolvimento Infantil


Marcio R. Martins - Educação Física Escolar


Durante muitos anos se confundiu ensinar com transmitir, onde o aluno era considerado um agente passivo no processo de ensino-aprendizagem e o professor um transmissor de conhecimento, sendo que o aprendizado só ocorria pela repetição, onde o aluno muito prejudicado era consequentemente responsável e castigado pelo não aprendizado.

Tudo isso aconteceu pela falta de estudos no sentido de descobrir como as crianças aprendem qual a importância do professor neste processo e como o cérebro humano processava toda essas informação, que mais tarde se transformaria em conhecimento. Nesta perspectiva, Antunes (1999) relata que o interesse dos alunos passou a ser a força que comanda todo esse processo de aprendizagem, sendo o professor um gerador de situações estimulantes e eficazes, e onde o brincar e o jogar ganham espaço e passam a ser ferramenta fundamental e ideal para o ensinar, possibilitando ao aluno aprender não somente os saberes, mas também desenvolver saberes que vão ser utilizados para vida toda.

O brincar e o jogar então encerram, em essência, um sentido maior do que a simples manifestação de uma necessidade. Os mesmos passam a ter um significado que dá sentido a uma ação e reforça a motivação, possibilitando a criança criar, recriar e descobrir novas formas de atuação dentro do contexto escolar. Desta forma, a medida que a criança cresce e se desenvolve, surgem novos interesses, novas situações de troca, novos aprendizados e consequentemente o brincar e o jogar vão se modificando, proporcionando uma estreita relação entre os processos de crescimento e desenvolvimento (motor, cognitivo, afetivo e social) bem como o aparecimento de novos interesses e objetivos, que devem ser observados pelo professor quando for planejar uma aula com a utilização dessa nova prática (pedagógica ou recreativa).

Segundo Piaget (1996), para que a aprendizagem ocorra e dê a sua contribuição para o desenvolvimento da criança, é necessária uma organização dessas brincadeiras e desses jogos por meio da estrutura da própria inteligência da criança. O brincar e jogar deixam de ser vistos somente como divertimento, e passam a ser vistos como uma ferramenta pedagógica dentro do ensino infantil e fundamental. Para Piaget, Vygotsky e Wallon (1989-1990), através do jogo a criança constrói o conhecimento, destacando que a inteligência caminha para o equilíbrio, proporcionando às crianças a motivação para utilizar-se da inteligência, pois sempre querem saber e conhecer mais, superando-se, esforçando-se e transpondo obstáculos em busca de conhecimento dentro dos aspectos motores, cognitivos, sociais e emocionais.

Neste contexto qual seria o significado do brincar e do jogar dentro do contexto educacional? Como utilizar o brincar e o jogar dentro do contexto de escola e sociedade? Recreativo e de lazer ou educacional, qual o jogo ideal?

Essas e outras perguntas na atualidade ainda confundem muitos educadores: como, porque e para que se utilizar o brincar e o jogar? Como trabalhar dentro desses diversos contextos? Tudo isso nos faz pesquisar continuamente sobre este tema tão importante dentro do processo de aprendizagem humana. Segundo Kishimoto "o jogo com sua função lúdica proporciona diversão, prazer e mesmo o desprazer de ser escolhido de forma voluntária diferente do jogo educativo que, dentro de sua função, ensina, completando o saber, o conhecimento e a descoberta do mundo pela criança".

O que se pode observar após estudos é que brincar é coisa séria e não apenas diversão. Somente se faz necessário que o professor saiba se utilizar dessa ferramenta e modifique seu método de aula para que o aprendizado possa ocorrer de uma forma mais livre, prazerosa e desafiadora, pois toda a prática pedagógica tradicional, que acontece entre carteiras e cadeiras, não satisfaz mais as necessidades daquele que aprende.

Mas para que essa prática possa ser desenvolvida com sucesso dentro da escola, precisamos conscientizar os pais da importância do brincar e do jogar, pois atualmente o que parece menos importar a eles é que se tenham brinquedos na escola. Para eles a hora da aula é hora de aprender como eles aprenderam no seu tempo, sentados e atrás das carteiras.

Por esse e por outros motivos advindos de nossa sociedade moderna, atualmente brincar e jogar já não é privilégio de todas as crianças, ocasionando assim um analfabetismo motor, aonde corpo, movimento, gestos e ações vêm sendo desprezados, utilizando-se somente do pensar. Ai vai minha pergunta: como queremos formar nossas crianças?


Marcio Rogério Martins
Professor de Educação Física
Especialista em Psicopedagogia pela FAMERPD
Docente no curso de Educação física na UNILAGO


*** Fonte:
http://www.educacaofisica.com.br/noticias_mostrar.asp?id=2863

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