domingo, 24 de maio de 2009

Processo de Mercadorização do Esporte: uma possível história do basquetebol (Por Carolina Rezende)



Com o surgimento da Idade Moderna e dos valores trazidos e pregados por ela, modifica-se também a estrutura do esporte que, a partir daí também é considerado moderno.è , dentro deste contexto que procuraremos mostrar como e porque se deu o processo de mercadorização do esporte, tomando como base o surgimento e desenvolvimento do basquetebol nos EUA e no Mundo. Os jogos, antes do surgimento da sociedade capitalista, eram associados às festas da colheita e festas religiosas como forma de passatempo, diversão e lazer e tinham um carácter lúdico .
A partir do século XVIII com o processo de industrialização e urbanização da sociedade inglesa, estes jogos tradicionais entram em declínio e assumem novos princípios, ditados pela sociedade dita moderna, é incorporado ao esporte, o rendimento, a racionalização, a competição, a especialização etc...
Tendo como base o principal preceito da sociedade capitalista, o rendimento, podemos chamar o esporte moderno de espetáculo, pois, este visa fascinar ao público que, por sua vez, assume o papel de consumidor. È visando o lucro, que o esporte perde o seu carácter lúdico e amador e passa a ser profissional. Seguindo este raciocínio podemos perceber melhor algumas mudanças pelas quais passaram o esporte.A mudança do gesto esportivo, da técnica, do movimento humano, da forma como os meios de comunicação de massa tratam o esporte.
O estudo do gesto esportivo tem como objetivo principal, possibilitar um melhor desempenho do atleta, ou seja, quanto melhor um movimento for executado melhor será o seu rendimento, a sua produtividade. É exatamente essa produtividade que é resultada e difundida pelos meios de comunicação de massa que consolida o esporte moderno como mercadoria , “ Os meio de comunicação de massa são os co-organizadores do esporte espetáculo”. (DIGEL Apud BRACHT, 1997).
Para um melhor entendimento das alterações que ocorreram no esporte, tomaremos como exemplo o desenvolvimento do basquetebol ao longo de sua história. O basquetebol foi criado no final do século XIX, nos Estados Unidos pelo professor de educação física James Naismith. Ele tinha por objetivo criar um esporte que pudesse ser praticado durante o período de inverno e deveria ter as seguintes características: que pudesse ser realizado em um local fechado, que não fosse violento, que comportasse um grande numero de pessoas, que tivesse cunho científico e fosse competitivo. Se observarmos estas características, podemos perceber os primeiros vestígios da sociedade capitalista.
Em 1896, apenas cinco anos após a sua criação, surgem os primeiros atletas profissionais. A profissionalização dos atletas trás consigo algumas consequências como a contratação de atletas e a adoção de equipes por algumas empresas, para se assistir aos jogos tem que pagar a entrada. Com a profissionalização, o basquetebol passa a ter um carácter de esporte espetáculo e de mercadoria. Em 1929 a bolsa de valores de Nova York quebra e o boxe, um dos esportes mais populares dos EUA entra em declínio e o basquetebol passa a aproveitar os espaços que eram destinados ao boxe, fazendo com que a sua pratica fosse centrada nos espectadores. Alguns jornalistas organizaram competições, que tiveram grande participação do público.
A difusão do basquetebol pelo mundo se deu a partir da criação da Federação Internacional de Basquetebol Amador (FIBA), no ano de 1932. A FIBA organizou e unificou as regras do basquetebol o que possibilitou a realização de competições entre países diferentes. Em 1936 o basquetebol foi incluído nas Olimpíadas de Berlim, no qual os EUA foram os vencedores.
Na tentativa de tornar o basquetebol mais atrativo para os espectadores acontecem uma série de transformações em suas regras como a diminuição do numero de jogadores, a limitação da quantidade de passes, o tempo que cada equipe pode ficar com a posse de bola . Essa tentativa de dinamizar o basquetebol acontece através de uma relação estreita com a televisão ( meio de comunicação de massa) que se especializa e se dedica, cada vez mais, a atrair a atenção do espectador , que se torna um potencial consumidor do espetáculo em que foi transformado e que proporciona o basquetebol.

Referências Bibliográficas:

BRACHT, Valter. Sociologia crítica do esporte: uma introdução. Vitória: UFES, Centro de Educação Física e Desportos. 1997.
SILVA, Ana Márcia. Esporte Espetáculo: mercadorização do movimento corporal humano. Florianópolis, dissertação de mestrado, 1991.

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