Ainda me lembro, como se fosse hoje, dos meus tempos e colégio; na verdade, pra ser mais exata, do meu Ensino Médio; época da vida que todos nós devemos tomar uma decisão muito importante. O que prestar no vestibular? Algo pra se fazer para o resto da vida. As dúvidas eram enormes, mas tinha certeza de uma coisa não poderia ser nada ligado à matemática, cálculos, números. Sempre tive uma tendência e uma facilidade a tudo que estava ligado à biologia, à saúde. Então o que fazer? Enfermagem? Medicina? Odontologia? Não! Para tais atividades nunca senti atração, tesão mesmo.
Queria algo em que pudesse intervir mais efetivamente na vida das pessoas, que significasse algo real e concreto para elas e que me enchesse os olhos de lágrimas, o peito de orgulho. Ciências Biológicas? Educação Física? Ser Professora? É Educação Física! É, ser professora! Por que não? Meus pais não gostaram muito d idéia afinal, ser professora não dá “status” e muito menos dinheiro. Mas a decisão era minha. Decidi por Educação Física, por ser a única coisa com a qual eu me identificava.
Em 2003 passei no vestibular e fui cursar Educação Física, aos poucos passei a entrar em contato com as disciplinas específicas do curso e a conhecer a outra face da moeda. Educação Física não era só esporte? Mas como isso? Quando dei pó mim, pronto, estava eu encantada, apaixonada por esse novo universo. Ser professora não era simplesmente dar aulas, passar conteúdos. Era criar laços, trocar experiências, ser referência, fazer a diferença na vida de alguém. Sentia isso pulsar em minhas veias, brilhar nos olhos.
Hoje, 7 de novembro de 2010, faz 3 anos que estou formada, e durante esse período pensei por diversas vezes em desistir da profissão. A vida fora dos muros da Universidade não é nada fácil. Adaptar-se a um sistema de ensino completamente falido é uma das tarefas mais complexas, aliada à baixa remuneração e à constante desvalorização do professor.
Atualmente, ser professora, principalmente de Educação Física, é algo praticamente quixotesco. Às vezes me sinto lutando por algo que não existe mais. Mas ser professora também tem o outro lado da moeda, para cada coisa existe um ônus e um bônus. E são justamente os bônus que me fazem seguir adiante.
Um sorriso, um abraço, um olhar, um gesto! Isso é capaz de me motivar a seguir adiante. Tentar a cada aula dar o melhor de mim.
Ao escrever aqui sinto os mesmos sentimentos de outrora. O coração bate mais forte, lágrimas me enchem os olhos. Sonhos percorrem minha mente. O tesão ainda está vivo, circula dentro de mim. E basta me lembrar que enquanto eu puder fazer a diferença na vida de um único ser que seja todas as dificuldades valerão à pena.
Termino este post com estes versos de Mário Lago que resumem o sentimento que tenho de ser professora.
"Fazer um céu com pouco a gente faz; basta uma estrela, uma estrela e nada mais. Pra ter nas mãos o mundo, basta uma ilusão, um grão de areia é o mundo em nossa mão. Sonhar é dar à vida nova cor, dar gosto bom às lágrimas de dor.
O sol pode apagar, o mar perder a voz, mas nunca morre um sonho bom dentro de nós.”
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