Com três anos de idade me mudei para Aracaju, porque o meu pai e a família dele são daqui. Dessa fase tenho vagas lembranças, sei que entrei em uma escolinha, na qual estudei até os seis anos, lembro que antes das aulas nós rezávamos a “Oração da Criança” , do parquinho , tinha alguns dias que as “tias” davam banho em nós e eu odiava, chorava e fugia porque o banho era na frente dos coleginhas e para piorar era com água gelada (detesto banho com água fria) , porque até então , como morava em SP, e lá ninguém toma banho com água fria, nunca tinha tomado banho gelado. Desde quando comecei a estudar sempre dancei quadrilha, na época de São João, lá na escolinha após o recreio as aulas eram suspensas para que nós pudéssemos ensaiar, no mês de setembro a escola promovia o chamado Desfile da Primavera, sempre participei e me sentia a própria dentro daquelas roupas e desfilando para todo mundo ver, lembro que toda sexta feira era dia de ir de roupa comum, sem a farda da escola, e todos os que se esquecessem disso, quando chegavam na escola, os colega, incentivados pelas professoras, vaiavam o coleginha que tivesse ido de farda, e eu , como não podia deixar de ser, passei por tal situação (nunca mais esqueci de ir de roupa às sextas feiras).
E apesar de ter sofrido uma série de limitações; por a escola ser pequena, pela inexistência e até mesmo pelo desconhecimento das “tias” sobre a educação física para o desenvolvimento das habilidades básicas, para a composição da expressão corporal da criança; eu até que tive um bom desenvolvimento dessas capacidades motoras.
Ao fim dessa fase, da pré-escola, mudei de colégio, passei por um processo de transformação e adaptação. A escola na qual passei a estudar era religiosa, era um colégio de freiras, e como não podia deixar de ser, tinha princípios e métodos um tanto quanto rígidos e tradicionais, não se podia fazer muita coisa sem que se levasse uma bronca, fosse para a coordenação, para que se ficasse de castigo. Os bons alunos não eram aqueles que efetivamente aprendessem os assuntos, que tivessem um senso crítico e que questionassem o professor, mas sim, aqueles que tirassem boas notas (mesmo que não tivessem aprendido nada), que não conversassem durante as aulas, que não questionassem, não se podia nem colocar os pés naquele estrado que fica em baixo das carteiras.
Eu no meio de tanto não e sob as ameaças do meu pai de me mandar para um colégio interno procurei sempre me enquadrar dentro do perfil do bom (excelente) aluno. Toda esta estrutura da escola, em nome da ordem e do bom aprendizado me lembra a historinha da “Escola de Vidro” da professora Ruth Rocha onde ela relata a estrutura vivida pelos alunos dentro de uma determinada escola, que cerceava todas as potencialidades e criatividade dos alunos e não possibilitava o desenvolvimento cognitivo e motor de forma integrada. Da 1ª à 4ª séries as aulas de educação física baseavam se, quase que exclusivamente, em jogar queimado na praça em frente à escola. Apesar de não gostar muito do jogo, brincava com os meus colegas porque acabava me divertindo, até o dia em levei uma bolada na cara (de um colega bem forte) e cai para trás. Já da 5ª à 8ª séries a educação física limitava-se à prática esportiva (vôlei, futebol e nataçao) e como sempre seguia a mão inversa da maioria das meninas, fui jogar bola. Durante o recreio e na hora da saída as minhas colegas brincavam de elástico e como eu não era muito boa nisso, sempre ficava de fora. O mesmo acontecia quando elas brincavam de patins (na semana da criança) como não tinha e nem sabia andar naquela tranqueira ficava sempre sozinha.
Assim, fui ficando sempre no meu canto, séria, calada e para não ficar sem fazer nada lia um livro, fazia os deveres de casa, ai ganhei aquela titulação horrível de CDF (só porque tirava boas notas e não gostava de muita folia). Dessa época da escola os momentos que sinto mais falta são das festas juninas e dos jogos internos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário