Trabalho realizado nos tempos da faculdade durante a disciplina Aprendizagem Motora
Por: Carolina Rezende
1-Introdução.
A aprendizagem de habilidades motoras é caracterizada pela modificação sistematizado comportamento, por efeito da prática ou experiência adquirida pelo individuo. A aprendizagem motora se dá, sob as diferentes necessidades do indivíduo, da memorização , do desejo de aprender e da sua memória , ou seja , da sua capacidade de armazenar informações adquiridas anteriormente , decorrente das atividades dos vários estágios de processamento de informações . Este processamento de informações é composto pelos seguintes estágios : estagio perceptivo , que detecta e identifica o estímulo; estagio de decisão , seleciona a resposta ; estagio efetor , onde há a programação e a organização da resposta e é iniciada a ação. Podemos utilizar como exemplo, a situação em que encontra-se o goleiro de futebol no instante da cobrança de um falta . Quando o jogador bate a falta , o goleiro percebe, através da visão, que a bola está em movimento e identifica a direção da bola . Então decide para que lado ele vai se locomover é só a partir daí que ele vai executar a resposta selecionada.
É a partir desses vários estágios que podemos identificar os três sistemas de memória e perceber como se dá a aprendizagem de novos movimentos.
Em todo o processo de aprendizagem motora é importante destacar a memória como um todo, seus sistemas, seu funcionamento como melhora-la etc...É sobre isso que procuraremos abordar com esse texto.
2- Memória.
2.1-Conceito.
Representado pela figura mitológica grega, Mnemosina, e originária do vocábulo museu significa lugar onde se guardam coisas merecedoras de preservação é onde tem origem o significado da palavra memória. É a partir dai que podemos ter a clara idéia de seu significado.
A memória é a capacidade de conservar informações vistas anteriormente, ou a capacidade de recuperar estas informações para um uso posterior. Tem grande importância na nossa vida, pois, sem ela não existiria antes nem depois. Não seriamos capazes de recordar os rostos das pessoas que vimos no dia anterior, então a mesma pessoa que víssemos ontem não seria igual ao da mesma se a víssemos hoje. A memória é resultado dos estágios seqüenciais do processamento de informação, visto anteriormente.
2.2- A estrutura da memória.
Também conhecida como sistemas de memória, a estrutura da memória está assim dividida: armazenagem sensorial de curto prazo, memória de curto prazo e memória de longo prazo.
·Armazenagem sensória de curto prazo (ASCP): mais periférico ou sensorial, mantém a informação por modalidade (auditiva, visual, tátil) até que o indivíduo a identifique, acredita-se ser limitada na capacidade e extremamente breve em sua duração. Acredita-se que nem todas as informações atingem o nível consciente das pessoas, por isso, resulta em pouca transformação da informação sensorial.
·Memória de curto prazo(MCP ): sistema de memória que permite ao indivíduo o processo de recuperação e de relembrar, transferindo a informação de longo termo, acredita-se ser limitada em capacidade( 7 unidades) e breve em duração ( 30 segundos).
A decisão final em relação a que informação é selecionada para processamento adicional, relaciona-se com a pertinência ou a relevância da informação para a presente tarefa. Podemos manter a informacao na MCP somente enquanto direcionarmos atenção a ela.
A informação esta na memória de curta duração e permanece lá ate que a atenção julgue se essa é
ou não uma informação relevante. Caso a informação seja considerada significativa, será arquivada
na memória de longo prazo, podendo ser utilizada logo que necessária. Caso essa informação seja
considerada irrelevante, a atenção será desfocalizada e, automaticamente, perdida ( esquecida da
memória de curta duração).
Um exemplo de memória de curto prazo é a memória que utilizamos para recordar uma lista de nomes que alguém nos da para memorizarmos e a dizermos após a memorização e a esquecemos logo em seguida.
·Memória de longo prazo ( MLP): sistema de memória que retém informação e experiência, considerada como sendo vasta em capacidade e ilimitada em duração. Espaço de armazenagem para informações muito bem aprendidas.
Quando dizemos que uma pessoa realmente aprendeu alguma coisa, queremos dizer que essa pessoa, de alguma maneira processou a informação na MCP e a transferir para a MLP, ou seja, programar planos motores para ação na MCP e armazenar na MLP para uma execução posterior.
2.3- Processos de controle em memória.
Processos de controle em memória são aqueles aspectos da memoria sob o controle direto do indivíduo , ou seja, o seu acesso depende somente da pessoa . Três desses processos são o armazenamento, a organização e a recuperação da informação.
O armazenamento de informações consiste em codificar a informação que pretendemos reter na memória, ou seja, transformar a informação a ser lembrada em espécies de “pistas”, dicas a fim de facilitar o armazenamento. A organização consiste em classificar, agrupar os dados em unidades menores, por cor, forma etc..., vejamos o seguinte exemplo :
Quando precisamos aprender uma parte de um dialogo ou uma lista de termos, vamos geralmente
dividir estas seqüências longas de palavras em grupos mais curtos e mais fáceis de manusear. A
medida que nos exercitamos, organizamos estes grupos em unidades maiores. ( MAGILL,1984,
p112).
A recuperação é um processo de controle que está relacionado à eficiência dos processos de armazenamento e de organização, ou seja, durante o processo de busca, o armazenamento e a organização da informação terá que estar muito bem consolidadas pelo indivíduo.
2.4- Esquecimento
O esquecimento é uma falha na retenção ou na evocação dos dados da memória e pode ocorrer com qualquer pessoa . A principal questão no que se refere ao esquecimento é saber sua causa. A credita-se haver duas causas que possibilitem o esquecimento , uma é a deterioração dos traços de memória , outra é a interferência de novos conhecimentos na memória.
O desuso provocaria um enfraquecimento dos circuitos da memória, conforme o modelo conexionista, tornando cada vez mais difícil o acesso a essas informações. “Tudo o que fica gravado na memória, seja um numero de telefone ou o cheiro de uma flor, depende de mudanças nos padrões das chamadas sinapses – conexões entre os mais de 100 bilhões de neurônios existentes no cérebro” (Revista GALILEU, 2002, p32).
Um novo aprendizado, também pode provocar um processo de interferência na memória, uma vez que este pode assemelhar-se com uma informação já existente. Outro fator que pode provocar interferência é o excesso de informações e o pouco tempo de que as pessoas dispõem para processa-las.
Doenças degenerativas, também são causas do esquecimento. Uma das mais temíveis, por ainda não haver possibilidade de cura, é o mal de Alzheimer. O mal de Alzheimer ocorre pela morte progressiva dos neurônios. A pessoa portadora dessa doença apresenta os seguintes sintomas: perda das funções cognitivas, ou seja, torna-se incapaz de realizar simples tarefas, como dirigir ou se locomover. O paciente, ainda sofre com alterações comportamentais, como tristeza, solidão, ansiedade, depressão. No Brasil o mal de Alzheimer afeta cerca de 1,5 milhão de pessoas, e o seu diagnostico ocorre por eliminação, através de exames descarta-se a possibildade de outras doenças.
2.5- Prevenir dificuldades e estimular a memória.
Concentrar-se, esta é a principal maneira de fazer com que a informacao fique gravada por mais tempo na memória, pois, quando nos concentramos, a informação é bem processada , fortalecendo as sinapses. Para desenvoler a capacidade de concentração, fortalecer as sinapses e a memória e estimular o cérebro, a receita ideal é ler.
Além da leitura é superimportante ter uma boa noite de sono, pois, o cérebro também precisa descansar; uma boa alimentação é fundamental para o funcionamento da
memória ( alimentos ricos em tiamina , vitamina B12, estão presentes no pão cereais frutas e verduras) e a prática de exercícios físicos , que aumentam o fluxo sanguíneo no cérebro o que deixa a pessoa mais alerta.
Algumas outras coisas podem ajudar a estimular a memória, como: deixar a agenda de lado e procurar guardar as informações na memória, estratégias para guardar nomes, datas, lugares, repetir informações recentemente memorizadas, a repetição ajuda na conservação da informação na memória.
3- Conclusão
Na educação física é pertinente destacar a importância da memória para o aprendizado de novas habilidades motoras. A memória dentro deste contexto está dividida em duas partes. A primeira, corresponde ao seu processo de formação e fortalecimento. A segunda, ela ja encontra-se formada e consolidada, podendo, no entanto, passar por um processo de esquecimento.
Ao iniciar uma atividade física o aprendiz tem como modelo o professor, o aluno ainda esta em fase de processamento da informação passando por um estagio cognitivo para a execução de movimento, onde repensar a execução da ação é muito importante.É nesse momento que podemos observar a memória de curto prazo, se enquanto o aluno estiver preparando para realizar a atividade, ocorrer algum tipo de interferência ou se passar uns minutos ate que ele possa executar a atividade, pode ocorrer de o movimento não sair completamente correto.
Entretanto, após algum tempo de prática, aluno já é capaz de executar o movimento corretamente, sem nenhum auxilio do professor e mesmo que após alguns anos tenham se passado e que não se lembre como o movimento é executado, após ver alguém o fazendo ele também será capaz de executar corretamente a atividade.É a partir de então, notamos a memória a longo prazo formada e consolidada.
4-Referencias Bibliográficas
GODOY, Roberto. Revista Espaço Acadêmico . Ano1.nº2. 2001.
GRECO, Pablo J. & BENDA, Rodolfo N. Iniciação Esportiva Universal: da aprendizagemmotora ao treinamento técnico. Belo Horizonte:UFMG, 2001.
Instituto EDUMED, 2003.
LOPES, Denise Remiao. Descobertas históricas sobre a memória humana. Porto Alegre:
MAGILL, Richard. Aprendizagem Motora : conceito e aplicações. Trad. Erik Gerhard Kanitzch. São Paulo:Edgar Blucher, 1984.
REVISTA GALILEU.São Paulo.2002
SCHIMIDT, Richard A. Aprendizagem e Performance Motora: dos Princípios à Prática. Trad. Flávia de Cunha Bastos et alli. São Paulo: Movimento, 2ª ed. 1993.
http: // www.canalkids.com.br
http: // www.einstein.br/psicologia/geral