domingo, 11 de dezembro de 2011

Problemas da Educação Física em Sergipe


Há algum tempo estamos acompanhando o desenvolvimento desastroso na Educação Física em Sergipe.

JornaldaCidade.Net

Gladston Santana - Graduado em Educação Física pela UFS





Há algum tempo estamos acompanhando o desenvolvimento desastroso na Educação Física em Sergipe. A disciplina curricular obrigatória em todas as séries desde a educação infantil até o ensino médio perde a cada dia sua tão importante função educacional.

No início da carreira escolar onde temos a necessidade de aprender conteúdos unicamente pertinentes à Educação Física, o primeiro grande sinal de desprezo por essa disciplina pode ser observado: os próprios professores do ensino infantil, em sua maioria formados em Pedagogia, são os responsáveis por ministrar as aulas de Educação Física.

Mais essa falta de respeito com a Educação Física continua no decorrer da vida escolar. No ensino fundamental, é comum encontrarmos professores dando aulas em pleno meio dia, em quadras muitas vezes descobertas e sem as mínimas condições de fazer o aluno assimilar conteúdo algum. Isso acontece porque, na elaboração do planejamento anual de aulas feito pela direção da escola, o único horário que “sobrou” para o ensino dos conteúdos da Educação Física foi aquele do meio-dia naquela quadra insuportavelmente quente e descoberta. Aparentemente, não deve ter sobrado sequer uma sala de aula por que os professores de outras disciplinas devem ocupá-la para passar os seus conteúdos.

Mas o pior ainda estar por vir. Refiro-me ao ensino médio – etapa na qual já deveríamos ter de forma completa uma consciência corporal, uma visão positiva do esporte, um olhar crítico do mundo, um entendimento sobre as transformações globais, uma ajuda na formação de sua própria índole positiva e outras tão importantes intervenções pedagógicas que a Educação Física deveria nos ter transmitido. E na verdade ainda não sabemos nada. Muitas vezes porque as escolas não fizeram questão alguma que os professores tratassem nas aulas de Educação Física de assuntos tão importantes.

Falando dessa relação entre Educação Física e escola, o dilema contemporâneo é ainda maior. Será que para a escola é mais importante que o professor faça de seu aluno um ser pedagogicamente consciente ou que esse mesmo professor vire um “treinador” e faça com que o time da escola seja campeão de alguma competição? Pois é. A fúria da iniciativa privada e o marketing que atingiram o âmbito escolar promoveram uma inversão de objetivos, ou seja, a escola não prepara o aluno para a vida e sim para o vestibular. Para ela, quanto mais aprovados no vestibular, maior também será a parte de mídia utilizada para que novas matrículas sejam realizadas e assim alavanquem ainda mais o nome da instituição.

Nesse contexto, a Educação Física está virando apenas mais uma ferramenta para abrilhantar as campanhas de marketing da escola. Já é comum vermos por aí outdoors com as seguintes frases: “Colégio tal onde seu filho será campeão no esporte e no vestibular” ou “Colégio tal o único que conseguiu 100 medalhas de ouro nos joguinhos escolares”. E, para que o objetivo das escolas seja alcançado, a grande maioria das escolas particulares oferece bolsas de estudos para alunos “atletas” que se destacam em alguma modalidade esportiva. Atenção para o detalhe: se o time conseguir o título, a bolsa é renovada; se não conseguir, está todo mundo na rua, inclusive o professor. Até as emissoras de TV local criaram inúmeras competições para, segundo elas, promover o esporte escolar. Isso não corresponde aos fatos. A verdade é que o professor, dessa forma, tem que se transformar num treinador de esportes de alto rendimento para que sejam conseguidos títulos para a escola durante o ano. Com isso, é comum vermos, durante essas competições, cenas lamentáveis de “treinadores” gritando, brigando e até esbravejando contra seus alunos “atletas”. E aí? Onde fica a pedagogia?

O poder público deveria incentivar a criação de políticas públicas de apoio à Educação Física e ao esporte pedagogicamente corretas. Todavia, o que se vê é uma devoção total ao esporte de alto rendimento, de que o maior exemplo será a realização da Olimpíada e Copa do Mundo aqui no Brasil. Em nível municipal o órgão público responsável pelo esporte tem como carro chefe o “Bolsa Atleta”, programa de transferência de renda para atletas de alto rendimento.

Como é possível perceber, é preocupante a situação da Educação Física nos dias atuais em Sergipe. Esse quadro só poderá ser revertido com a presença de profissionais capacitados e, principalmente, com sensibilidade pedagógica para exercer a profissão de professor de Educação Física, a qual, quando bem valorizada e respeitada ,torna-se uma ferramenta essencial para o desenvolvimento físico e afetivo de adolescentes e de jovens sergipanos

domingo, 4 de setembro de 2011

Atividade Física para crianças?




Nessas últimas semanas tenho ouvido muito se falar em atividade física para crianças, academia para crianças, musculação para crianças e por ai vai.

Isso me fez parar e refletir sobre o que estamos fazendo com as nossas crianças.

Antigamente, podíamos sair na rua pra brincar: pega-pega, esconde-esconde, amarelinha, soltar pipa, andar no meio fio, subir em árvores, elástico, casinha, caça ao tesouro, pular corda, jogar bolinha de gude dentre tantas outras brincadeiras infantis, e não tinhamos colesterol, diabetes, hiepertensão nem tão pouco éramos obesas, desenvolviamos força, flexibilidade, coordenação motora, lateralidade, equilíbrio, noção de tempo e espaço, rítmo e de quebra fazíamos amigos e nos divertíamos demais.

Atualmente as crianças vivem cercadas de cuidados e limitações não podem brincar no parquinho porque podem quebrar um braço, não podem brincar na rua por causa da violência ou porque seus pais simplesmente não têm tempo para olhá-las, não podem subir em árvores (se é que ainda existem) porque é perigoso, não podem andar descalças porque ficam doentes, e assim como nós,os adultos, sequer conhecem as outras crianças vizinhas.

Para conter toda essa energia da criançada passamos a dar -lhes video game, computador, televisão, colocar na aula de música, no inglês. Vão e voltam de carro. Ah e ainda têm o dever de casa. As aulas de Educação Física se limitam a uma vez na semana e por apenas 30 min. Ou seja, tiramos das crianças aquilo que lhes é fundamental: brincar, movimentar-se, fazer amigos.

E ai o que elas ganharam com isso? Uma série de doenças. Não só fisiológicas, mas motoras, sociais e psicológicas.

Eis que surgem "academias" especializadas em crianças. Ofertam musculação, ginástica, ambientes preparados para o desenvolvimento de habilidades motoras (parques indoor) coloridos, desafiadores, mas muitas vezes fechados, com ar condicionado e o pior de tudo fazem tudo sozinhas junto com um "professor", "instrutor".

Fico bastante triste quando vejo que atividades como esta http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=CKkTwGB1iGI#! são cada vez mais incentivadas e praticadas por crianças. Onde está a criatividade? E as músicas infantis?

E me preocupo quando passamos aceitar e achar que esses ambientes e essas atividades são normais, como exemplifica essa matéria do Portal da Educação Física http://www.educacaofisica.com.br/noticias/criancas-pequenas-tambem-devem-fazer-exercicios-e-ha-ate-academias-exclusivas-para-elas

Criança precisa apenas de brincar seja na rua, na quadra do prédio, no campinho da esquina, num parque, na pracinha em ambientes abertos, cheio de possibilidades para as crianças experimentarem as suas possibilidades motoras, criarem jogos, aprenderem outras brincadeiras com a presença de várias outras crianças.

Precisamos repensar a nossa postura diante das crianças enquanto pais, professores, adultos.

Atividade Física pra criança é brincar.


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O que é Educação Física?


Você sabe o que é Educação Física? O termo Educação Física remete à ideia de educar o físico. Mas o que isso significa? Fortalecer a musculatura? Praticar esportes? Adquirir postura? Bem, a Educação Física nasceu como uma disciplina cujo objetivo era disciplinar os indivíduos a partir dos seus corpos. Ou seja: a Educação Física está historicamente atrelada a um método de dominação do indivíduo.

Para melhor compreendermos como esse processo acontece, é necessário recorrer a um conceito importante do filósofo Michel Foucault: corpos dóceis. Segundo ele, a sociedade moderna (constituída a partir das Revoluções Industrial e Francesa) foi marcada pelo êxodo rural e consequentemente pelo inchaço de pessoas nas grandes cidades europeias. Dito de maneira bastante simplificada, uma vez que as autoridades não tinham pessoas suficientes para trabalhar, foi preciso desenvolver um método em que as pessoas controlassem a si mesmas: a vigia. Trata-se de um mecanismo em que a pessoa se sente vigiada constantemente e que, portanto, dificilmente fará algo que contrarie as regras sociais. Um desses mecanismos é o controle do corpo: ora, à medida que o corpo é disciplinado, sua conduta está sendo disciplinada. É possível, portanto, entender que tornar o corpo dócil – ou disciplinado – já foi um dos papéis fundamentais da Educação Física.

Hoje em dia as coisas mudaram. Há alguns autores, como Medina, por exemplo, que afirmam que a Educação Física não cuida apenas do corpo, mas antes de tudo da mente. A conotação atual do conceito de Educação Física é a de que esta é uma área que trabalha não apenas o corpo em movimento, mas que trabalha a partir do corpo em movimento. Explicando: o objetivo dessa disciplina não é fazer com que as pessoas saibam jogar basquete, mas sim que elas consigam vivenciar essa prática, compreender sua origem, estruturar reflexões sobre o comércio envolvido nos materiais esportivos, sobre a compra e venda de atletas, dentre outras coisas. É por isso que Medina afirma que a Educação Física trabalha corpo e mente.

Outra coisa importante para entendermos melhor a Educação Física é esclarecermos quais são os conteúdos que devem ser ensinados na escola. Você sabe que os conteúdos de Matemática ou de Língua Portuguesa são bem estruturados e deve saber dizer o que está aprendendo nesse momento. Mas você sabe dizer se na sua aula de Educação Física isso também acontece? Você está aprendendo alguma coisa nova nessa matéria? Há um documento do governo federal chamado “Parâmetros Curriculares Nacionais” que apresenta em blocos todos os conteúdos que o professor deve trabalhar ao longo do ensino fundamental. Os blocos são:

1. Esportes, lutas, jogos e ginásticas – Concentram-se neste bloco todos os esportes individuais ou coletivos, os diversos tipos de lutas, jogos populares e/ou tradicionais e diferentes tipos de ginásticas;

2. Atividades rítmicas e expressivas – Localizam-se aqui os diferentes tipos de dança (popular, folclóricas, clássicas, de salão e contemporânea), além de outras práticas que se utilizem do corpo como meio expressivo, tal como o teatro;

3. Conhecimentos sobre o corpo – Este bloco talvez seja o mais importante à medida que se relaciona com os outros dois. Propõe que o professor trabalhe aspectos biológicos, anatômicos e sociais referentes ao corpo, estimulando aulas teóricas em sala de aula.

Assim, é importante que você reflita se o seu professor já propôs atividades diferentes como capoeira, dança moderna, teatro ou corrida de obstáculos para a sua turma. Isso porque todos esses conteúdos, essa diversidade de práticas corporais, fazem parte do currículo escolar. Caso contrário, pergunte ao seu professor quando ele planeja abordar atividades diferentes com vocês. Quem sabe sua sugestão ou curiosidade não pode resultar em uma aula bem interessante!

Por Paula Rondinelli
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Mestre em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Doutoranda em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo - USP



Fonte: http://www.brasilescola.com/educacaofisica/o-que-educacao-fisica.htm

sábado, 20 de agosto de 2011

Recreação Escolar


Mas, afinal, o que é recreação ?


Por: Hani Zehdi Amine Awad









Apesar de a palavra recreação ser muito comentada no meio escolar e outros espaços como clubes, hotéis de lazer, universidades, entre outros, ainda são poucos os educadores que conseguem apresentar uma definição palpável.

A palavra recreação provém do latim, recreare que significa recrear, renovar, reinventar, fazer novamente. Em outras palavras, a recreação trata do conjunto de ações e experiências lúdicas que um indivíduo ou grupo de pessoas vivencia, executa e re-executa em um "tempo livre" na busca de movimentos prazerosos que atendam suas necessidades físicas, psíquicas, sociais ou culturais.

A atividade recreativa se evidencia principalmente por meio dos jogos, brinquedos e brincadeiras, elementos estes que sempre existiram independente de época, cultura ou classe social – guardadas as devidas proporções. Entretanto, a forma de jogar e brincar podem variar de acordo com os aspectos sociais, culturais, religiosos, políticos e econômicos.

A criança ao vivenciar situações de recreação, busca de maneira especial alcançar momentos de diversão e prazer. Entretanto, o educador com habilidade e planejamento, poderá sugerir atividades recreativas que intrinsecamente possam proporcionar prazer e simultaneamente informações que contribuam no desenvolvimento e aperfeiçoamento de suas habilidades.

Maiores detalhes sobre o assunto poderão ser encontrados no capítulo que escrevi "Recreação no tempo e espaço escolar", que se encontra no Livro - "Educação Física Escolar: múltiplos caminhos", publicado pela Editora Fontoura – Jundiaí – SP, 2010.



www.hani.pro.br

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Jogos pré-desportivos de handball


Dando continuidade ao trabalho de construir e reconstruir jogos nos meses de abril e maio chegou a vez do handball.

Grupo: Lucca, Marcus Gabriel, João Victor, Eduardo, Felipe. 6º/7º Anos Ter/Qui

Handgol

A turma é dividida em dois grupos.

Como Jogar:

O jogo é como gol a gol, mas, ao invés de jogar com o pé será com a mão quicando, e será em grupo ao invés de um contra um.

Objetivo: Jogar a bola do seu campo ao gol do campo do adversário com a mão.

Grupo: Ítala Cruz. 6º/7º Anos Ter/Qui

Duas equipes, com sete alunos em cada equipe (sendo um goleiro). O jogo deverá ser realizado com as regras normais do Handebol, sendo que só será aceitos os gols se a bola quicar no chão antes de entrar, só que para passar a bola, a pessoa deverá quicar a bola também.

Grupo: Beatriz Mendonça, Jussyara, Lara, Laylla, Williane. 6º/7º Anos Ter/Qui

Divide em duas equipes, as pessoas deverão estar espalhadas pela quadra sem saindo lugar, e irão passar a bola por todos os membros da equipe, quem ficar por último com a bola terá que dar uma volta na quadra inteira, quicando a bola, a te o meio da quadra quem chegar por último vai pagar 10 polichinelos.

Grupo: Marina Schuster, Luma, Letícia, Laíz, Bernadette.

No jogo existem dois goleiros, cada um com um arco. Porém, podem correr peãs linhas pretas da quadra.

Objetivo: driblar a bola para o gol, porém só poderá fazer o gol se passar a bola por todos os jogadores do mesmo time, sem que o outro time pegue a bola?

Grupo: Vitória Brasil. 6º/7º Anos Seg/ Qua

Todo mundo fica de um lado, em linha e uma pessoa fica do outro lado com a bola. A pessoa que está com a bola começa tentando acerta alguém e se conseguir a pessoa queimada senta-se e o jogo continua. Quando alguém pega a bola, não pode mais andar e tenta queimar alguém ou joga a bola pra quem estiver sentado. Quem estiver sentado pode passar a bola pra quem estiver sentado ou tentar queimar quem estiver em pé. Se conseguir, ele pode se levantar e voltar ao jogo. O jogo acaba quando todos estiverem queimados, menos um, o ganhador.

Grupo: Isabella Lima, Irla, Isla, Lara Almeida, Leilane, Ana Beatriz. 6º/7º Anos Seg/ Qua.

Uma pessoa tem q sair de trás da linha amarela (de um lado da quadra) e quicar a bola em zig-zag e quando terminar, uma pessoa, do grupo oposto coloca um bambolê em cima da cabeça para que a pessoa que estava no zig – zag jogue para outro membro do próprio grupo que fará a mesma coisa,de pessoa pra pessoa até jogar para todo mundo, o último deverá fazer um gol e marcará um ponto, com direito a goleiro.

Grupo: Berila, Sabrina, Rafaela, Melissa, Sofia Mota, Victor, Luis Guilherme. 6º/7º Anos Seg/ Qua

Jogo 1: Uma pessoa ficará em pé, enquanto outra ficará deitada na sua frente, a que estava empé jogará a bola para qualquer lugar da guarda, que estava deitada correrá para pegar a bola porém , a que estava em pé vai correr para a trave do gol, desde que o grupo adversário esteja atrapalhando. Se fizer o gol marca um ponto.

Jogo 2: Divide-se em dois times, um dos times começará com a bola e irá tentar passá-la para todo o grupo e acertar três vezes o gol para fazer um ponto, enquanto o outro time tentará pegar a bola. Lembrando que, se o outro time pegar a bola, a contagem de gols irá começar de novo.

sábado, 4 de junho de 2011

O Importante é Competir?


Na Educação Física, mais do que em outras áreas, ouvimos e usamos muito o seguinte bordão "O Importante é Competir", no entanto, lidar com a derrota, com a vitória, com a indiferença e com as diferenças, seja em uma competição de alto nível, seja em jogos escolares, num simples bate bola ou nas aulas de Educação Física podemos observar que nem sempre essa máxima é levada ao pé da letra e nos deixa questionamentos importantes.

> O que vale mesmo é só participar?
> O que significa vencer?
> O que é necessário para vencer?
> Para vencer, qualquer
coisa vale?


Pois bem, às vezes em algumas aulas, explico a atividade proposta, tiro as dúvidas e deixo que joguem sem nenhum tipo de intervenção a não ser ao que tange às regras, porém, ficam livres para escolher seus ti
mes, quem vai fazer isso ou aquilo e se vão fazer. Lógico que como em qualquer grupo heterogêneo, uns se destacam fazendo essa ou aquela atividade, há os que não se manifestem em fazer nada, há os descoordenados, há os que se esforcem e há os que se destaquem em tudo.
Ao longo de um semestre já dá para perceber essas diferenças existentes em um grupo e procuro, ao máximo possível, propor atividades que atenuem tais diferenças, que favoreçam o desenvolvimento dos menos habilidosos sem deixar de desafiar os demais. Entretanto, nem sempre isso é possível e os ditos "melhores" se sobressaem e dominam o jogo e os ditos "ruins" tornam-se meros enfeites em quadra.

Há duas semanas, tal constatação tem me deixado um tanto quanto preocupada e, confesso que meio sem saber o que fazer. Uma aluna se recusa a fazer a aula porque a deixei separada de uma colega com o mesmo nível de desenvolvimento e de competitividade do que ela, para tentar equilibrar as equipes. Na aula seguinte, esta mesma aluna domina o jogo de tal forma que somente ela e a referida amiga participem da atividade. Em um dado momento do jogo tive que intervir nessa ação chamando-lhes a atenção para o que elas estavam fazendo e ainda assim não obtive resultados, foi necessário então, parar o jogo.

Tornei a chamar a atenção para o fato dos demais colegas não terem conseguido participar uma vez sequer da atividade. E a resposta que obtive foi a seguinte: “Mas professora elas ficam paradas e eu só consigo enxergar a bola. É mais forte do que eu. E agente vai perder é?”

Essa resposta me deixou preocupada. Onde está a importância do participar? Vencer é o único objetivo do jogo? E vale tudo para isso? Se ela só é capaz de enxergar o que é de seu interesse e desejo, desprezando o próximo, o que será dela na sociedade? O que será da sociedade em que ela vive?

Participar e competir são importantes, mas parece-me que ganhar, vencer a qualquer custo é o que importa. E eu, esses dias, durmo com essa inquietação: o que fazer para inverter essa situação?

sábado, 7 de maio de 2011

O Desenvolvimento Motor e sua importância para os professores de Educação Física na formação de habilidades esportivas em crianças.









REZENDE, Maria Carolina – UFS[1]

keke_carol@hotmail.com


RESUMO

Sendo o movimento o objeto de estudo da Educação da Educação Física, e o resultado observável e mensurável do comportamento motor, este deve ser estudado desde os primeiros anos de vida da criança, principalmente durante a infância, para que se possa compreender o processo de desenvolvimento e aquisição de habilidades motoras básicas. Sem um profundo conhecimento dos aspectos do desenvolvimento motor das crianças, os professores somente podem supor as técnicas educacionais e os métodos de intervenção apropriados. Desta forma o nosso trabalho teve como objetivo identificar a compreensão dos professores de Educação Física, que trabalham com o futebol, e de instrutores de futebol acerca do processo de desenvolvimento motor e de habilidades motoras necessárias à prática do futebol em crianças. Para tanto, realizamos uma pesquisa descritiva, já que esta consiste em descrever e entender como um fenômeno ocorre em uma dada realidade. Os sujeitos constituintes da pesquisa foram oito professores, que trabalham com o futebol e cento e onze crianças, de cinco a doze anos, que praticam futebol do município de Aracaju-Se. Como instrumentos para coletar os dados, utilizamos a entrevista estruturada e testes. Durante o processo de análise dos dados constatamos que os professores que trabalham com o futebol precisam de uma melhor fundamentação teórica, acerca do desenvolvimento motor das crianças, para planejar e conduzir suas aulas.

Palavras Chave: Desenvolvimento Motor, Aprendizagem Motora, Esporte e Professor de Futebol.

O DESENVOLVIMENTO MOTOR NA INFÂNCIA

Durante muitos anos o estudo do desenvolvimento humano tem sido de grande interesse para estudiosos e educadores. Gallahue; Ozmun (2005) dizem que o conhecimento dos processos de desenvolvimento está presente na sala de aula, num ginásio ou no campo de esportes. Sem um profundo conhecimento dos aspectos do desenvolvimento do comportamento humano, os professores somente podem supor as técnicas educacionais e os métodos de intervenção apropriados.

O estudo do desenvolvimento motor tem como matriz histórica duas disciplinas, a Biologia e a Psicologia. A complexidade comportamental do ser humano requer obviamente metodologias de abordagens diferentes daquelas que são possíveis e aplicadas em outros seres vivos. Enquanto que os modelos e as teorias biológicas influenciam na generalidade de todo o estudo de organismos vivos, a Psicologia, no geral, restringe esse âmbito a seres humanos, observáveis ao longo do processo de desenvolvimento, normalmente envolvidos em processos complexos (TANI et.al., 1988).

Em seus trabalhos, Compreendendo o Desenvolvimento Motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos e Educação Física Escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista, Gallahue; Ozmun (2005) e Tani et.al. (1988), respectivamente, procuram explicar e conceituar o processo de desenvolvimento com todos os seus elementos e variáveis, baseado em pontos de vista teórico-específicos.

Como ponto necessário para a compreensão do trabalho é importante conhecer e compreender os conceitos de desenvolvimento e desenvolvimento motor. Morgan (1977) apresenta o desenvolvimento como um processo através do qual, o indivíduo constrói ativamente, nas relações que estabelece com o ambiente físico e social, suas características. Seguindo este raciocínio Tani et.al. (1988) conceitua o desenvolvimento motor como uma área que estuda, permanentemente, os aspectos do comportamento motor, desde sua concepção até a morte, relacionando-os com o fator tempo, assim, “o estudo do desenvolvimento motor procura compreender as mudanças no comportamento motor em relação ao ciclo de vida” (BENDA, 200_, p 157).

A fim de se compreender melhor o desenvolvimento motor e a progressão do controle do movimento foram elaborados uma série de modelos teóricos, também chamados de taxionomia. Neste trabalho, serão estudados os modelos apresentados por Gallahue; Ozmun (2005) e Harrow (1983) apud Tani et. al. (1988).

Gallahue; Ozmun (2005) propõem um modelo de seqüência, com o objetivo de servir de base para a aquisição de habilidades motoras especializadas (esportivas). O modelo apresentado por ele é o da ampulheta heurística[2], que oferece algumas orientações para a compreensão do comportamento motor. A ampulheta representa o desenvolvimento motor no decorrer da vida e esta é classificada por fases de desenvolvimento (fase motora reflexa, fase motora rudimentar, fase motora fundamental, fase motora especializada).

Anita Harrow (1983) apud Tani et. al. (1988), a fim de facilitar o estudo acerca do desenvolvimento motor, elabora uma taxionomia, que também propõe uma seqüência de desenvolvimento, partindo de movimentos simples para habilidades mais especializadas (movimentos reflexos, habilidades básicas, habilidades perceptivas, capacidades físicas, habilidades específicas, comunicação não-verbal).

A construção deste trabalho se fundamenta nos conceitos de estudos desenvolvimentistas e este, por sua vez, apresenta uma maneira peculiar de ver e conceber a infância por etapas. A criança é fragmentada em uma série de comportamentos, e para uma melhor compreensão e estruturação do presente texto, o comportamento motor receberá uma maior dedicação.

Falcão (1989) diz que o comportamento, num sentido muito estrito, como usado pelos behavioristas, corresponde às ações publicamente observáveis de um organismo (ações, aspecto motor). Sendo o movimento a base do domínio motor, o comportamento motor ou psicomotor (por envolver uma série de operações cognitivas), “inclui os processos de alteração, estabilização e de regressão na estrutura física e na função neuromuscular”. (GALLAHUE; OZMUN, 2005, p. 16).

Tal processo pode ser classificado como desempenho motor, que está ligado aos componentes da aptidão física (força, flexibilidade, RML, resistência aeróbia e composição corporal), e também está relacionado ao desempenho (velocidade, agilidade, coordenação e equilíbrio). A outra classificação corresponde às capacidades motoras que inclui três tipos de comportamento: manipular ou mover objetos, controlar o corpo ou objetos em equilíbrio, mover ou controlar o corpo ou parte dele no espaço. (SINGER, 1980 apud TANI, 1988).

As capacidades motoras de manipulação, locomoção e de estabilização estão diretamente ligadas ao processo de formação de habilidades motoras, sejam elas esportivas (um chute no futebol), ou habilidades usadas no dia-a-dia para trabalhar, locomover-se, brincar etc. (MAGILL, 1984).

Além da área psicomotora, o comportamento humano abrange a área cognitiva, da qual fazem parte as capacidades que envolvem raciocínio, ou seja, as características intelectuais (o reconhecimento e o armazenamento de informações), que envolvem a relação funcional entre corpo e mente, isto é, como o organismo se utiliza das informações que dispõe, e a área afetiva que envolve os sentimentos e emoções, por meio dos movimentos, aplicado a si mesmo e ao outro (GALLAHUE; OZMUN, 2005; MAGILL, 1984).

Tani et. al. (1988) destaca que apesar de em um determinado momento, o comportamento observado possa ser caracterizado como sendo um destes três domínios, há, na maioria dos comportamentos a participação de todos os três domínios. A predominância de um deles não descarta a existência dos outros dois. Desta forma quando se estuda o comportamento humano, dois princípios devem ser considerados: o da totalidade e o da especificidade.

O princípio da totalidade se reporta à participação de todos os domínios de uma forma integrada. Enquanto que, o princípio da especificidade se reporta à predominância de atuação de um domínio sobre outros (Op. Cit.).

As estruturas fisiológicas também estão presentes no comportamento motor, assim, “o movimento é gerado através de complexas interações que ocorrem a nível do Sistema Nervoso Central e Periférico, que processam informações sensoriais” (Op. Cit., p. 6). Isto apresenta como resultado padrão de impulsos, que atingem os órgãos efetores (músculo, sistema cárdio muscular, etc.), todos envolvidos com o movimento.

Os movimentos permitem ao ser humano solucionar problemas, comunicar-se, expressar a criatividade, os sentimentos, explorar o meio ambiente e agir sobre ele. Eles fazem parte do nosso processo de evolução; seja desde a criação de ferramentas rudimentares a aparelhos tecnológicos modernos ou desde o nosso nascimento, do primeiro contato que temos com o mundo à nossa ação sobre eles. O somatório e a relação de todas essas atividades humanas realizadas através do movimento trazem aos seres humanos benefícios biológicos, sociais e afetivos e cognitivos, estando todos estes interligados. Assim é que a Educação Física deve analisar o comportamento motor, não sendo mais o movimento pelo movimento, mas sim como sendo uma relação dinâmica entre o ser humano e o meio ambiente. (Op. Cit.).

A APRENDIZAGEM MOTORA

Conforme o proposto por Gallahue; Ozmun (2005) segue-se ao processo de desenvolvimento motor, a aprendizagem motora.

O termo Aprendizagem é definido por Magill (1984, p. 12) como sendo “uma mudança interna no indivíduo, deduzida de uma melhoria relativamente permanente em seu desempenho, como resultado da prática”. Acrescenta-se ai a palavra motora para especificarmos o tipo de aprendizagem ao qual estamos nos referindo. Para Schmidt; Wrisberg (1993) a aprendizagem motora é um conjunto de processos associados com a prática ou a experiência, conduzindo mudanças relativamente permanentes na capacidade para executar um movimento habilidoso.

Jesus (1995) diz que o processo de aprendizagem motora, que representa como o comportamento motor acontece, tem sido estudado por vários pesquisadores e, portanto, algumas fazes de aprendizagem têm sido identificadas. A passagem de movimentos simples para movimentos complexos perpassa por estágios de aprendizagem desenvolvidos por Fitts e Posner (1965) apud Jesus (1995), Magill (1984), Tani et. al. (1988). O modelo de Fitts e Posner (1965) apud Jesus (1995), Magill (1984) é composto por três estágios: cognitivo, associativo e autônomo. No primeiro estágio, o estágio cognitivo da aprendizagem motora a criança apresenta uma série de dúvidas ao iniciar a realização de uma dada tarefa. O primeiro problema está ligado a questões relativas à identificação dos objetivos, ao que fazer quando e quando fazê-lo (SCHMIDT; WRISBERG, 1993). Singer (1986) apud Jesus (1995, p.192) “refere-se à elaboração pelo aprendiz, do plano motor, da habilidade a ser aprendida”.

Este estágio é caracterizado pelo grande envolvimento cognitivo, por uma grande quantidade de erros e pela presença constante do professor. Assim, esta fase relaciona-se com a organização do movimento, onde o aprendiz pensa e estuda o movimento (a sua natureza, técnica, objetivo), a natureza dos erros cometidos tende a ser grosseira e necessita da intervenção do professor para sua correção.

A fase cognitiva também é marcada pelo desempenho altamente inconsistente. Apesar de o executante estar fazendo algo errado, geralmente não sabe exatamente o que deve mudar na próxima tentativa para melhorar seu desempenho. Conseqüentemente, ele necessita de alguma informação específica, que o ajudará a corrigir seus erros (MAGILL, 1984 apud JESUS, 1995).

Para que o professor possa ter uma contribuição real na identificação e correção dos erros apresentados pelos alunos ele deve conhecer o processo de desenvolvimento motor, de aprendizagem motora e a habilidade a ser ensinada, transmitir as informações de forma clara e respeitando as diferenças individuais de cada aluno.

O estágio seguinte denominado de estágio associativo da aprendizagem motora caracteriza-se pela programação da ação, e o controle dos movimentos torna-se mais eficiente, exigindo menos atenção para sua realização. Ele desenvolveu uma capacidade de detectar alguns de seus próprios erros ao desempenhar a tarefa (MAGILL, 1984).

Marteniuk (1976) apud Jesus (1995) diz que o professor deve preocupar-se em introduzir, de forma seletiva, alguns elementos do ambiente que o aprendiz ainda não tenha percebido e que são importantes para uma melhor percepção e execução do movimento, bem como, deve introduzir também alguns elementos de natureza irrelevante, mas necessária para que o aprendiz aprenda a fazer sua seleção e considerar apenas aquelas informações importantes.

O estágio autônomo da aprendizagem motora, o último dos três estágios, é onde “o aprendiz desenvolve uma capacidade não só para detectar seus próprios erros mas também que espécies de ajustes são necessários para corrigir os erros” (Op. Cit., p. 43) e isto é decorrente do treinamento contínuo. O aprendiz executa o movimento de forma automática e não se prendendo mais na execução do movimento e sim nas condições que o meio lhe oferece para que tal seja realizado. Singer (1986) apud Jesus (1995, p. 153) diz que:

Neste nível, o executante é capaz de processar facilmente a informação com um mínimo de interferência de outras atividades. A atuação torna-se automática, quer dizer, usa-se o mínimo de controle consciente para a execução de determinados movimentos (Op. Cit.)

Compreender os estágios de aprendizagem é importante, por constituírem parte integrante da determinação das estratégias instrucionais mais adequadas que devem ser utilizadas ao ensinar habilidades motoras.

Para que o aluno chegue ao estágio autônomo na execução de habilidades motoras, a partir de um plano de ação a ser selecionado é preciso que haja o processamento central das informações. Pellegrini (1985, p. 23) conta que “de acordo com a teoria do processamento de informação o ser humano é visto como um sistema que transforma e armazena informações”.

Tani et. al. (1988) diz que o movimento é um comportamento observável e produto de processos que acontecem internamente ao indivíduo. É este processo interno que nos servirá de objeto de estudo. O processamento de informações acontece a nível do Sistema Nervoso Central (SNC) a partir de estímulos captados pelos órgãos dos sentidos e é dividido em mecanismos. Estes mecanismos podem ser observados e estudados a partir de um modelo apresentado por Marteniuk (1976) apud Greco; Benda (1998).

O primeiro mecanismo, o perceptivo, recebe as informações transmitidas pelos órgãos do sentido, classifica e organiza estas informações. Além de captar o estímulo, a criança tem de ser capaz de prestar atenção e selecioná-los de acordo com a prioridade e necessidade de utilização no mecanismo seguinte (PELLEGRINI, 1985).

Dando seqüência ao processamento da informação captada, chega-se ao mecanismo de decisão. Nele é escolhido o plano motor de acordo com os objetivos do indivíduo ou da tarefa. (TANI et. al., 1988). Pellegrini (1985) diz que a seleção desta resposta dependerá do tempo de reação de cada criança, ou seja, da capacidade que ela possui de identificar um estímulo e selecionar uma ação adequada, em um menor tempo possível, e das informações já armazenadas na memória delas.

Após passar pelo mecanismo de decisão e todas as suas propriedades limitantes, a informação será enviada ao mecanismo efetor. O mecanismo efetor é o último dos três mecanismos responsáveis pelo processamento de informação, ele é responsável pela organização hierárquica (do geral para o específico) e seqüencial do movimento para que a informação processada possa ser enviada para os músculos (GRECO; BENDA, 1998).

Neste momento, os músculos estão sob o controle dos comandos motores e, após um intervalo de tempo, estão também sujeitos à influência e controle do feedback (TANI et. al., 1988). Há diversas formas de realizar o feedback (visual, verbal, cinestésico) e elas devem ser aproveitadas pelo executante para melhorar a performance durante a execução (feedback intrínseco) ou após a execução do movimento (feedback extrínseco). Como resultado do feedback, um novo plano motor é programado, executado e avaliado, e este processo é repetido até a obtenção do objetivo.

MÉTODO E MATERIAIS

Para a construção do nosso trabalho utilizamos o tipo de pesquisa descritiva, pois, esta consiste em descrever e entender como determinado fenômeno ocorre em uma dada realidade.

A nossa pesquisa foi realizada em oito instituições, que oferecem, como prática esportiva, o futebol. Escolhemos três grandes escolas particulares, da zona sul do município de Aracaju, por estas possuírem grande representatividade na sociedade local, apresentando à mesma o êxito obtido nas diversas competições locais e regionais. Optamos ainda, por três escolinhas de futebol, também na zona sul do município de Aracaju, por possuírem como característica um espaço de lazer para as crianças, nos horários em que não estão na escola. E escolhemos também duas escolinhas de futebol que são voltadas para a formação de atletas e para a seleção de novos talentos.

Quanto aos sujeitos do nosso trabalho, contamos com a participação de oito professores de futebol, dentre os quais, um professor possui pós graduação, três possuem Nível Superior completo, dois professores estão em fase de conclusão no curso de Educação Física e os outros dois possuem o Ensino Médio completo. Estes professores foram abordados de modo que pudessem esclarecer sobre os seus entendimentos acerca do desenvolvimento motor, da aprendizagem, dos elementos que permeiam ambos os processos e de como estes se materializam em suas ações através de seus planejamentos.

Além dos professores de futebol, investigamos seus alunos, através da aplicação de testes. Foram cento e onze crianças, todas do sexo masculino e praticantes de futebol. A investigação das crianças ocorreu com a finalidade de podermos estabelecer uma relação entre a fala dos professores e o resultado dos testes aplicados aos alunos.

Para a coleta dos dados utilizamos dois instrumentos: a entrevista e o teste. , Nos utilizamos da entrevista estruturada, que estava composta por oito questões contidas num formulário que possui questões acerca dos dados pessoais dos entrevistados e questões relativas ao objeto de estudo de nosso trabalho. O teste está estruturado com dez atividades a serem realizadas pelas crianças, está classificado por categorias de movimento que envolve as habilidades fundamentais (manipulação, estabilização e locomoção), que por sua vez está dividido em estágios (inicial, elementar e maduro).

A coleta de dados teve início no mês de março de 2007 e foi concluída no mês de abril de 2007. Para iniciar a coleta entramos em contato com as instituições, selecionadas por nós, a fim de verificar junto às mesmas a possibilidade de realização do trabalho. Em seguida conversamos com os professores/instrutores, explicamos o trabalho e somente então marcamos os dias das entrevistas e dos testes. As entrevistas e os testes ocorreram nas próprias instituições. Antes da realização das entrevistas pedimos para os entrevistados, permissão para que as respostas pudessem ser gravadas, a fim de facilitar a entrevista. Todas as entrevistas foram gravadas em um aparelho de MP3, que foram transcritas, assim que possível, logo após a sua realização.

Para a aplicação dos testes procedemos da seguinte forma: no início reunimos as crianças, nos apresentamos e explicamos o que pretendíamos fazer e que para tanto, seria necessário a colaboração de todos. Antes de iniciar os testes recolhemos os nomes e a idade de cada aluno, que foi anotado numa ficha de orientação para os testes, para que eles não se misturassem no decorrer das atividades. No início de cada atividade a ser feita foi explicado como que as crianças deveriam proceder para a realização das mesmas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O nosso trabalho teve como finalidade, identificar o estado de conhecimento dos professores de Educação Física e instrutores, que trabalham com o futebol, junto à rede de ensino e/ou “escolinhas” de futebol no município de Aracaju, acerca do desenvolvimento motor e de habilidades motoras necessárias à prática do futebol. Para que galgássemos êxito em atingir o objetivo de nosso trabalho, estruturamos nossa pesquisa com base em procedimentos metodológicos que permitisse-nos aproximar do fenômeno, de maneira a poder conhecê-lo. Para tanto, usamos testes com os alunos e entrevistas estruturadas junto aos profissionais que atuam com o futebol.

Assim, pudemos, com o nosso estudo, levantar algumas constatações. No tocante às considerações que os professores possuem acerca do desenvolvimento motor, da aprendizagem motora e os elementos que permeiam ambos os processos, percebemos que, a minoria dos professores que trabalham com o ensino do futebol começam a perceber, ainda que de forma superficial, a criança como um ser que está em constante desenvolvimento, em sua integralidade, em constante movimento, envolto por situações propícias à aprendizagem, e que, portanto, possuem uma capacidade de raciocínio, estabelecendo uma relação afetiva com ambiente e com as pessoas que as cercam. Levam em consideração, também, o fato das crianças estarem inseridas na sociedade, e como um ser pertencente a ela, sofre influências e influencia as outras pessoas em seu dia-a-dia.

Por outro lado, a maioria dos professores ainda consideram o desenvolvimento motor da criança de forma independente das demais influências existentes no ambiente, como se o desenvolvimento da criança dependesse apenas de sua maturação, sendo o fator etário, juntamente com o nível de habilidade, o principal instrumento de classificação e divisão das crianças, em categorias.

Os professores precisam compreender a questão do desenvolvimento motor como algo que é influenciado pela interação de fatores biológicos, culturais e pessoais, e que não é apenas um processo natural.

Quando nos reportamos às questões relativas ao planejamento das aulas durante o ano, considerando os meios para que a aprendizagem ocorra e os critério utilizados para planejar as atividades, concluímos que, apesar dos professores dizerem que planejam todo o seu trabalho e de reconhecerem a importância deste para o desenvolvimento da criança e para a aprendizagem motora dela, percebemos que os professores, mesmo que graduados, apresentam certa dificuldade de se apropriarem de alguns conhecimentos teóricos que fundamentam os seus planejamentos, com objetivos claros, uma seqüência lógica e ordenada no decorrer do ano, quanto à metodologia utilizada por eles, e por conta disso acabam apenas reproduzindo atividades, conduzindo um trabalho específico, voltado para o futebol.

Os testes aplicados com as crianças e analisados neste trabalho por nós, dada a sua relevância, nos revelam situações distintas. Apesar de grande parte das crianças se encontrarem num estágio maduro, dentro de cada padrão de movimento, a faixa etária em que elas estão é incompatível, com este estágio. Dentro das faixas etárias estudadas as crianças apresentam-se numa fase aquém da que deveriam estar, quando comparadas à literatura.

Estes dados apontam para uma dificuldade que os professores ainda possuem ao lidar com o desenvolvimento e com a aprendizagem motora da criança.

Conforme Gallahue; Ozmun (2005) e Tani et. al. (1988) o processo de desenvolvimento de uma habilidade motora esportiva é seqüencial e invariável para qualquer indivíduo, o que muda é a velocidade com que esse desenvolvimento ocorre. Para que este desenvolvimento aconteça dentro dos padrões, delimitados por um período etário em que cada criança se encontra é preciso que o professor tenha um embasamento teórico, que fundamente suas ações, que ele reconheça a importância de seu papel, a fim de corrigir, avaliar e propiciar às crianças vivências motoras diversas, que facilitem o desenvolvimento de um vasto acervo motor. O professor precisa ainda conhecer quais os fatores limitantes para um bom desenvolvimento motor de seus alunos.

O desenvolvimento motor e a aprendizagem motora abrem um enorme leque de possibilidades de pesquisas e são de grande relevância o seu estudo dentro da Educação Física, por acreditarmos que estes, ainda que diretivos, são pouco conhecidos, no sentido de sua real aplicabilidade e funcionalidade nas aulas de Educação Física, nos treinamentos de algum esporte nos jogos infantis e nas atividades diárias das crianças.

REFERÊNCIAS

BARROS, C.S.G. Pontos de Psicologia do Desenvolvimento. 6ª ed. São Paulo: Ática, 1991.

BENDA, R. N. Desenvolvimento Motor da Criança. In: BRASIL. Novos conceitos em Treinamento Desportivo. Minas Gerais: [s.n.], 200_.

FALCÃO, G.M. Psicologia da Aprendizagem. 5ª ed. São Paulo: Ática, 1989.

GALLAHUE, D.L.; OZMUN, J.C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças, Adolescentes e Adultos. 3ª ed. São Paulo: Phorte, 2005.

GRECO, P.J.; BENDA, R. N. Iniciação Esportiva Universal: da aprendizagem motora ao treinamento técnico. Vol.1. Belo Horizonte: UFMG, 1998.

JESUS, J.F.de. Estágios de aprendizagem motora e suas implicações para o ensino de habilidades motoras. In: Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Rio Grande do Sul, UFSM, Volume 16, nº 3, Maio, 1995.

MAGILL, R. Aprendizagem Motora: conceito e aplicações. Trad. Erick Gerhard Kanitzch. São Paulo: Edgar Blucher, 1984.

MORGAN, C.T. Introdução à Psicologia. Trad. Auriphebo Simões. São Paulo: Mc Graw- Hill do Brasil, 1977.

PELLEGRINI, A. M. Aprendizagem Motora. In: ARAÚJO, Cláudio Gil Soares de (Coord.). Fundamentos Biológicos/ Medicina Desportiva. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1985.

SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C.A. Aprendizagem e Performance Motora: dos princípios à prática. Trad. Flávia de Cunha Bastos et al. 2ª ed. São Paulo: Movimento, 1993.

TANI, G. et. al. Educação Física Escolar: Fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: EPU/EDUSP, 1988.


[1] Graduada em Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe no ano de 2007, orientada pelo Profº Msc. José Américo Menezes – DEF/UFS.

[2] Segundo Gallahue; Ozmun (2005) heurística são regras e modelos que dão sugestões e orientações na procura de respostas para um dado problema.